A Universidade Federal do Maranhão agoniza diante de nossos olhos. O que antes foi um símbolo de resistência intelectual e compromisso com o Maranhão agora parece caminhar para um colapso anunciado. E não há como suavizar: esse colapso tem nome, tem sobrenome e tem responsabilidade direta. A gestão do reitor Fernando Carvalho transformou a UFMA em um território de abandono, perseguição política e desgaste institucional jamais visto em sua história.
A comunidade universitária já não se pergunta se a situação vai piorar, mas apenas quando o próximo prédio será interditado, quando o próximo equipamento vai quebrar, quando o próximo gestor será silenciosamente punido por não seguir a cartilha do reitor. A UFMA foi entregue às traças, e a administração superior parece se alimentar desse caos.
O caso do diretor do CCH, professor Luciano Façanha, ilustra com crueldade o modelo de administração que se instalou. Desde que concorreu contra Fernando Carvalho na eleição, o Centro de Ciências Humanas foi jogado num limbo. Manutenções básicas deixaram de existir, aparelhos de ar condicionado quebrados se acumulam, bebedouros inutilizados se tornaram decoração involuntária e corredores escuros refletem uma gestão que parece punir todo um centro apenas porque não simpatiza com seu diretor.
“Parece que querem que a gente estude no calor e na escuridão para castigar o diretor”, denuncia Ana Paula, estudante de História. “A gente sente no corpo e na pele a perseguição política. É revoltante.”
O CCSO vive destino semelhante. Não faz muito tempo, o centro foi interditado por risco de curto circuito e incêndio. Mesmo assim, nada mudou. Banheiros quebrados continuam cheirando à derrota institucional, salas sem iluminação se tornaram rotina, infiltrações avançam e a falta de wifi força estudantes a disputar sinal de celular para cumprir suas atividades. A precariedade é tão ampla que já não surpreende ninguém.
“Eu trabalho aqui há dezessete anos e nunca vi uma degradação tão rápida e tão profunda”, afirma um técnico do CCSO que preferiu não se identificar por medo de retaliações. “Parece que a ordem é deixar tudo cair. A gente se sente impotente e abandonado.”
E nem o berço acadêmico do próprio reitor foi poupado. O CCET, que deveria receber atenção redobrada, virou a representação perfeita da destruição institucional. Laboratórios sem manutenção, portas quebradas, equipamentos obsoletos e corredores com cheiro de mofo são agora parte da rotina diária. O centro que já foi orgulho da universidade agora parece um prédio esquecido à beira do colapso.
“Se até o próprio centro do reitor está desse jeito, imagine o resto”, comenta um estudante de Engenharia. “A sensação é que ele virou as costas para tudo e todos.”
Nós, editores, evitamos espiritualizar aquilo que é, em essência, fruto de escolhas políticas e administrativas. Mas é impossível ignorar o clima pesado que paira sobre a universidade. A percepção entre estudantes, técnicos e professores é quase unânime: Fernando Carvalho não apenas é um gestor desastroso, mas carrega uma espécie de energia sombria, um espírito perverso que se reflete em cada canto da instituição. Não é misticismo. É a forma como a destruição se manifesta fisicamente pelos prédios, pelos corredores e pelas expressões cansadas de quem tenta resistir em meio ao abandono.
Do portal de entrada do campus do Bacanga aos prédios mais distantes, tudo respira deterioração. A pintura descasca, os jardins morreram, as estruturas cedem e ninguém na administração parece se importar. O cenário se repete no interior do estado, onde a ausência da reitoria é ainda mais evidente. A UFMA está sendo corroída por dentro, como se uma praga silenciosa tivesse invadido cada bloco e cada setor.
O editorial de hoje não é apenas uma denúncia. É um alerta. É o registro de uma universidade que está sendo destruída aos poucos, não por falta de recursos, mas por falta de compromisso, de coragem e de responsabilidade com o futuro do ensino público.
A UFMA merece mais. O Maranhão merece mais. E quem vive a universidade todos os dias sabe que chegou a hora de quebrar o silêncio e enfrentar o desmonte instalado na gestão de Fernando Carvalho. Porque, se nada mudar, em pouco tempo talvez não reste nada para ser defendido.















