O campus da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) foi palco de um episódio inusitado e preocupante: a descoberta de uma sepultura clandestina de uma tartaruga marinha resgatada pelo Projeto Queamar. O animal, que passou mais de dois meses em um hospital improvisado dentro da universidade, acabou falecendo no dia 16 de setembro. O que deveria ser um procedimento técnico adequado de descarte virou um verdadeiro escândalo ambiental, revelado de maneira inesperada – por um cachorro caramelo.
O resgate e o “Hospital” no meio do campus
A história começou com o resgate da tartaruga, que foi acolhida com toda a atenção e levada para um espaço improvisado dentro da UFMA. A iniciativa, apesar de bem-intencionada, levanta questionamentos sobre a capacidade da instituição em lidar com fauna marinha debilitada. Afinal, por que um animal em risco foi levado para um campus universitário em vez de um centro especializado?
Após lutar bravamente por sua vida, a tartaruga não resistiu e faleceu. O desdobramento do caso, no entanto, é o que mais chama atenção: em vez de um descarte adequado conforme normas ambientais e diretrizes do Comitê de Ética Animal, o corpo do animal foi enterrado sem critério técnico dentro da universidade.
A descoberta pela “Força-Tarefa Canina”
O que deveria ter permanecido oculto foi exposto de forma inusitada. O responsável pela revelação não foi um agente ambiental ou um pesquisador, mas sim um cachorro vira-lata que circula pelo campus. O animal, em uma de suas costumeiras explorações em busca de comida, farejou algo suspeito e escavou a cova improvisada da tartaruga, trazendo à tona a negligência da gestão universitária.
A descoberta mobilizou a equipe de manutenção da UFMA, que, ao lado do cão-detetive, constatou a irregularidade. A revelação gerou indignação na comunidade acadêmica e entre ambientalistas, que agora cobram explicações sobre o procedimento adotado e a responsabilidade pela falha.
As perguntas sem respostas
O caso levanta uma série de questões:
- A UFMA possui um protocolo oficial para descarte de fauna silvestre?
- O Comitê de Ética Animal foi acionado e acompanhou o processo?
- Quem autorizou o enterro clandestino dentro da universidade?
- A gestão da UFMA pretende revisar suas diretrizes ambientais ou seguirá contando com a fiscalização dos caramelos do campus?
A falta de transparência e o caráter improvisado da situação expõem falhas graves no manejo da fauna dentro da universidade. O episódio reflete não apenas um descaso ambiental, mas também a necessidade urgente de protocolos claros e fiscalização adequada.
Por enquanto, o único agente atuante na investigação foi o cachorro que revelou o caso. Resta saber se ele receberá algum reconhecimento ou se continuará sua vigilância solitária pelos corredores da UFMA, atento a novas irregularidades.