A gestão do Reitor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Fernando Carvalho, enfrenta um momento turbulento, marcado por insatisfações e uma convocação de esclarecimento inédita ao Senado. Além das contínuas denúncias sobre a qualidade da alimentação e administração do Restaurante Universitário (RU), o reitor agora precisa responder a uma série de questionamentos que abrangem desde decisões unilaterais até a polêmica em torno de uma apresentação durante o 1º Encontro de Gênero da universidade.
Recentemente, a Comissão de Educação e Cultura do Senado Federal formalizou um convite para que Fernando Carvalho preste esclarecimentos sobre a participação de Tertuliana Lustosa no evento acadêmico, onde, segundo algumas interpretações, teria sido feita uma abordagem polêmica que “vulgarizou o ensino no Brasil.” Esse tipo de convocação, sem precedentes na história da UFMA, indica o crescente escrutínio sobre a administração atual e destaca as complexas questões enfrentadas pela universidade.
Além disso, a gestão do reitor tem adotado decisões por meio de procedimentos ad referendum, ou seja, sem consultar previamente o Conselho Universitário em sua total representação, prática que tem gerado desconforto e queixas na comunidade acadêmica. Uma dessas decisões foi a recente aprovação da resolução 332/24, que impõe novas regras para a realização de eventos na UFMA.
A APRUMA – Seção Sindical do ANDES – Sindicato Nacional – emitiu um comunicado convocando coordenadores de grupos de pesquisa e de pós-graduação para uma reunião no dia 6 de novembro, com o objetivo de discutir a resolução, considerada pela entidade como centralizadora e controladora. Segundo a APRUMA, essa regulamentação pode comprometer a autonomia e o trabalho docente, levando muitos membros da comunidade acadêmica a buscarem um amplo debate sobre o assunto.
Paralelamente, o Restaurante Universitário continua sendo alvo de severas críticas. Denúncias sobre a baixa qualidade das refeições e os frequentes casos de mal-estar entre estudantes, professores e funcionários têm sido amplamente compartilhadas nos grupos estudantis e redes sociais. Esses relatos geraram um clima de desconfiança, agravado pelo fato de que as reclamações sobre o RU são frequentes, mas raramente recebem uma resposta da administração.
O fato de a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PROAES), sob a gestão do professor Danilo Francisco Corrêa Lopes, não estar tomando medidas visíveis para resolver o problema, gera especulações sobre a eficiência da gestão do reitor. Embora haja uma pressão crescente, Fernando Carvalho mantém o atual pró-reitor no cargo, levantando questionamentos sobre sua postura diante das recorrentes denúncias.
Outro ponto que tem despertado críticas à administração atual é o aparente “aparelhamento” de cargos na PROAES. Entre as queixas, está a presença de pessoas que, no passado, participaram de protestos (ocupação da reitoria) contra a gestão, mas que agora ocupam cargos influentes, o que, para alguns membros da comunidade acadêmica, caracteriza uma ação de aparelhamento político. Há também críticas sobre a administração de contratos importantes diretamente pelo gabinete do reitor, prática que foge ao protocolo tradicional da instituição e levanta suspeitas sobre a transparência desses processos.
Internamente, algumas das nomeações recentes de pró-reitores são vistas como precipitadas e atribuídas à inexperiência de gestão. Essas nomeações têm gerado situações embaraçosas e contribuído para o desgaste de imagem da administração perante professores e colaboradores que, no passado, apoiaram o atual reitor. Em um contexto de crescente pressão e críticas generalizadas, a comunidade universitária expressa a necessidade de mudanças estruturais e maior transparência na gestão.
O cenário atual da UFMA revela um clima de instabilidade e desconfiança, e muitos esperam que o reitor Fernando Carvalho apresente respostas concretas e tome medidas para restaurar a confiança na administração da universidade. A audiência no Senado e as próximas discussões sobre a resolução 332/24 podem se tornar pontos de virada, indicando se a gestão estará disposta a ouvir as preocupações da comunidade acadêmica e a realizar as mudanças necessárias para garantir um ambiente universitário mais seguro, saudável e transparente.