Chegou a hora de fazer aquele textão com que você sempre sonhou (ou não). As regras são um pouco rígidas e você não vai poder escolher o tema, mas a ideia é exercitar argumentos e propor soluções factíveis dentro do modelo de texto exigido no Enem: o dissertativo-argumentativo.
Em 2017, às vésperas da prova, uma liminar concedida pela Justiça Federal suspendeu a regra que exige o respeito aos direitos humanos na redação, mas a recomendação dos professores se mantém, já que a prova inteira é orientada nesse sentido e a temática social é recorrente.
O Inep, instituto responsável pelo Enem, dividiu a avaliação da redação em cinco competências simples e diretas com as quais você deve orientar seu texto. A primeira é o domínio da norma culta, ou seja, grafar as palavras corretamente, não esquecer dos acentos gráficos, da regência, das preposições. É importante ainda mostrar conhecimento de vocabulário para evitar a repetição de palavras. Lembre-se de substituir termos recorrentes por pronomes, sinônimos, hipônimos (palavras específicas de um mesmo campo semântico) e hiperônimos (palavras genéricas do mesmo campo semântico).
Isso não significa, porém, escolher palavras difíceis que deixem o texto rebuscado e chato de ler. “Os alunos tentam sofisticar demais a linguagem e cometem erros bobos. Costuma ficar esquisito”, comenta a coordenadora da equipe de redação do Colégio Poliedro de São José dos Campos (SP), Maria Catarina Borges. A recomendação da professora é utilizar palavras com as quais você tenha familiaridade com a grafia, a regência e a concordância. O texto também deve prezar pela objetividade e pela clareza. Aqui vale a dica de construir frases diretas: sujeito, verbo e objeto.
Bagagem
Assim como nas questões de múltipla escolha, a palavra-chave da redação é interdisciplinaridade, ou seja, é preciso mostrar conhecimento externo e relacionar as disciplinas aprendidas ao longo da vida de estudante. Essa exigência está expressa nas competências 2 e 3, entre as cinco avaliadas pelo Enem.
“Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa”, diz o item 2. A terceira competência complementa a segunda: “Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista”. É por isso que todos os professores consideram fundamental estar atento às atualidades para a prova.
Se você separou bons argumentos e tem a solução para determinado problema, não se esqueça de formatar o texto em uma sequência lógica em que as linhas gerais do seu raciocínio sejam retomadas no decorrer da escrita. “Muitas vezes, cada parágrafo parece uma redação diferente”, critica o professor de literatura Carlos Gontijo. Para que isso não ocorra, você deve citar seus argumentos centrais na introdução, relembrar o contexto no desenvolvimento dos argumentos e retomá-los na conclusão, para que o encerramento faça sentido. O domínio da utilização de expressões conectivas para dar concisão ao texto é fundamental e exigido pela competência 4.
No parágrafo de conclusão, a proposta de intervenção deve ser possível de ser executada no curto ou no médio prazo, como orienta a competência 5. Na cartilha do Inep, a sugestão é que se envolvam diversas esferas da sociedade, incluindo Estado e sociedade civil. E, como resume a própria cartilha, “o objetivo deste texto é, em última análise, convencer o leitor de que o ponto de vista em relação à tese apresentada é acertado e relevante”.
Leia abaixo as principais dicas para fazer uma ótima redação (e dentro do tempo!):
– Faça um projeto para sua redação. Defina e anote os argumentos que serão utilizados. Traga referências externas como filmes, músicas, livros — só não vale colocar as que já foram citadas no enunciado.
– Não se esqueça de fazer referência aos seus argumentos na conclusão, quando apresentar suas ideias de intervenção. Nas sugestões, tenha os pés no chão. A avaliação é orientada para pontuar melhor as propostas concretas e possíveis de se colocar em prática no curto e médio prazo.
– O respeito à norma culta é fundamental na redação. Isso não significa que você deva usar um vocabulário rocambolesco, aquelas palavras difíceis que você não usa no seu cotidiano. Assim você só aumentará suas chances de cometer erros de regência e concordância. Os avaliadores corrigirão sua prova em três minutos, em média, então o melhor é ser objetivo e direto para conquistá-los.
Por Agência Brasil