Ao criticar a deputada Eliziane Gama por apoiar Fernando Haddad e Manuela D’Ávilla, pastor presidente expõe o fisiologismo da Assembleia de Deus, que não aceita apoiar petistas e comunistas, mas aceita se beneficiar da troca de cargos e favores no mesmo governo comunista
POSTURA SELETIVA. Pastor Pedro Aldir: revolta com comunista só após eleger a filha deputada no próprio palanque comunista
O discurso visceral, agressivo e virulento do pastor-presidente da convenção estadual das Assembleias de Deus, Pedro Aldir Damasceno, expõe não apenas a truculência de evangélicos enfileirados em torno do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), mas também o jogo de interesses e a troca de favores políticos que marca a liderança desta denominação.
Damasceno expôs seu ódio religioso ao saber de um certo discurso da deputada federal e senadora eleita Eliziane Gama (PPS), de apoio a Fernando Haddad (PT), candidato do governador Flávio Dino (PCdoB).
Nada mais natural que Eliziane tomasse esta atitude, sobretudo diante da inequívoca força dada por Dino à sua eleição, quando poucos acreditavam nesta possibilidade.
Ao proferir palavras de ódio contra a posição da parlamentar, o líder religioso chegou a se utilizar de uma mentira – a de que a vice de Haddad, Manuela D’Ávilla, teria dito que Jesus era gay.
Mas se o pastor se revoltou com esta afirmação – sendo ela mentira ou não – por que o nobre líder religioso não fez este mesmo discurso no primeiro turno, quando sua filha disputava eleição no palanque do próprio Flávio Dino?
Por que o pastor assembleiano não se revoltou com os comunistas também quando eles nomearam uma “renca” de pastores para ser capelão militar sem concurso público?!?
O discurso seletivo e hipócrita do pastor Aldir Damasceno revela a face mais covarde das denominações religiosas, quando trata o fiel como gado, em currais eleitorais – para atender seus interesses – e se mostra indignado quando já com os interesses saciados.
Felizmente, os fiéis evangélicos – pelo menos uma parte deles – já não dá tanta importância para tipos como Pedro Aldir Damasceno.
Mas eles poderão continuar gritando desmedidamente seu ódio e seu proselitismo religioso…
Por Marco Aurélio D’Eça