Por: Diego Emir
A política de interiorização das universidades federais, que ganhou fôlego na UFMA partir de 2007, com o projeto de expansão, vem contribuindo para mudar a face do ensino superior no estado. O novo modelo propõe que a educação superior não se concentre apenas nas capitais ou grandes centros econômicos, mas chegue também ao campo e ao interior dos Estados, levando oportunidades reais às diversas regiões, qualificando e desenvolvendo competências profissionais e, principalmente, propagando a produção de conhecimento atendendo às orientações da Declaração dos Direitos do Homem.
Sintonizada com essa política nacional de educação, a UFMA ampliou o seu raio de ação e o alcance dos programas aumentou em larga escala. A Assessoria Especial de Interiorização, que acompanha, coordena e orienta o funcionamento de programas e projetos, concretizou novas parcerias e mais ofertas de cursos foram viabilizadas no interior do estado do Maranhão.
Com polo em 33 cidades, esses programas especiais atendem 50 municípios e regiões circundantes. Este ano, mais de cinco mil alunos estão vinculados, dentre os que já colaram grau e os que ainda estão em processo de formação. Na última sexta, 10, mais oitenta alunos dos cursos de História, Geografia e Letras festejaram a graduação por meio do PROEB, em uma grande solenidade no município de Buriticupu, a 395 Km de São Luís.
Atualmente, a ASEI possui seis programas voltados à sustentação da formação docente firmados em dois eixos, sendo formação inicial e educação continuada destinados à atuação docente na educação básica. O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), o Programa Práticas Pedagógicas em Classes Multisseriadas da Educação Escolar do Campo (Escola da Terra) e o Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura Agrária (Procampo), que são os direcionados para professores rurais e do campo. Além destes, desenvolve o Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor) e o Programa Especial de Formação de Professores para a Educação Básica (Proeb), destinados à formação e capacitação para atuação na educação básica; e o Programa de Formação Continuada para Educação Patrimonial no Estado do Maranhão (Profepma), que consiste em uma atualização com o intuito de preservar o patrimônio cultural do estado.
O que todos esses programas têm em comum? O foco na dimensão educativa e nas prioridades definidas pelas políticas públicas, traduzindo a inovação e a inclusão social no país.
A graduação abriu oportunidades para muitos que já trabalhavam com educação, mas não tinham acesso ao ensino superior em seus próprios municípios.
É o caso de Vanderberg Pereira Araújo, 35 anos, técnico em assuntos educacionais do IFMA e professor da rede municipal de Pinheiro, a 333 Km de São Luís. Graduado em Letras pelo Proeb em 2012, ele considera que a maior contribuição do programa foi ampliar a sua perspectiva de buscar mais conhecimentos. “O contato com pesquisadores alargou o horizonte e me motivou ainda mais no trabalho de pesquisa”. Araújo já mira o mestrado e se dedica a um tema: “Como cegos em tiroteio. Uma análise dos discursos sobre o ensino de língua portuguesa em Piheiro-MA”. A intenção é contribuir para a melhoria do ensino básico em sua cidade natal.
Para a assessora de Interiorização, professora Raimunda Marinho, as ações não promovem apenas a formação de profissionais e o crescimento dos índices educacionais do Maranhão, mas também melhoram a qualidade de vida e as oportunidades sócio-culturais da população de cada região atendida. “Os avanços tanto no seguimento social, cultural e econômico vão culminar exatamente na proposta de desenvolvimento municipal e estadual, através dos indicadores do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), das estatísticas de qualificação e da redução do analfabetismo.”, afirma.
Neste processo de extensão da UFMA, os próximos planos da Assessoria estão focados no desenvolvimento de outras vertentes além das graduações em licenciaturas no interior, como novos cursos de atualização. “A universidade é muito requerida para atendimento aos municípios maranhenses. Depois da formação, eles começam a solicitar outras ações.” explica a assessora. A ASEI também trabalha com estágios, eventos e projetos de pesquisa, realizando atividades que auxiliam na aprendizagem dos educadores regionais.
Para o reitor Natalino Salgado, o programa de interiorização da UFMA dissemina o ensino, a pesquisa e a extensão no estado e constrói uma sociedade mais justa e democrática. “Com essa política, estamos materializando uma das principais funções de uma universidade pública: o seu compromisso social”, enfatizou.
Conheça os programas
PRONERA: Promove a educação dos trabalhadores do campo e forma educadores para as escolas do campo. O objetivo do programa é trabalhar em favor da educação e da erradicação do analfabetismo. No Maranhão, ele é uma parceria do INCRA com movimentos sociais e sindicais de trabalhadores rurais, instituições públicas de ensino, instituições comunitárias de ensino sem fins lucrativos e governos estaduais e municipais. Criado em 1998, o programa já atendeu cerca de 20 mil pessoas.Atualmente, oferece o curso de Pedagogia da Terra na cidade de Bacabal.
Escola da Terra: Realiza a formação continuada de professores para que atendam às necessidades de funcionamento das escolas do campo e das localizadas em comunidades quilombolas. 2.250 cursistas estão sendo atendidos, dentre professores e outros profissionais distribuídos em 24 municípios, como Aldeias Altas, Amarante do Maranhão, Alto Alegre do Pindaré e Barra do Corda. A sede é no Campus de Bacabal.
PROCAMPO: Cursos regulares de licenciatura em educação do campo voltados à formação de professores que atuam em escolas agrícolas, quilombolas e de áreas de assentamento de reforma agrária do estado do Maranhão. Tem sua origem no Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo (Procampo) do Ministério da Educação. Este ano, ocorreu a formação das primeiras turmas do programa.
PROEB: Forma professores de nível superior para atuar na educação básica em escolas de rede municipal e estadual. Está em mais de 10 municípios, como os de Urbano Santos, Pindaré-Mirim, Vargem Grande, Turiaçu e Buriticupu, e com 09 cursos de graduação, como os de Pedagogia, Ciências Exatas, História, Geografia e Matemática.
PARFOR: Procura fomentar a oferta de educação superior gratuita e de qualidade para profissionais da rede pública da educação básica, para que eles possam obter a formação necessária. A UFMA aderiu à política do PARFOR em 2009, e neste tempo foram implantadas até o ano de 2014, 87 turmas em 24 municípios. Atualmente, estão disponíveis os cursos de Pedagogia, Física, Educação Física, Filosofia e Ciências Sociais.
PROFEPMA: Projeto desenvolvido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por meio da ASEI e Secretaria de Saúde do Município de Alcântara. Busca a preservação do patrimônio cultural do Maranhão, utilizando a formação continuada em educação patrimonial no município de Alcântara como estratégia e atendendo professores de 5° a 8° séries da rede municipal.