No Brasil – não sendo diferente no Maranhão – o atual sistema político partidário fomenta o aparecimento de grande número de pessoas totalmente descompromissadas com os sonhos e os interesses do conjunto da sociedade e com as grandes questões republicanas, agindo como se o Estado e suas instituições fossem meros espaços de seus interesses. Cria-se, então, um campo propício para a demagogia e para constantes atos de corrupção, envolvendo políticos, empresários e funcionários públicos, e a conseqüente impunidade dos seus autores.
Daí a política ser considerada, pela maioria dos jovens, como algo nocivo e pernicioso, como ação corrupta e corruptora, indigna para ser praticada por uma pessoa séria e responsável. Repulsa, desprezo e indignação são sentimentos comuns quando se pensa ou se comenta a política. Desta forma, o envolvimento com a política transformou-se em uma decisão difícil para homens, mulheres e jovens de bem. Passa a dominar a descrença e o desencanto na política, além do descrédito nos políticos, o que conduz à perniciosa idéia de que a democracia é o terreno propício a alimentar os demagogos e suas promessas nunca cumpridas.
Este cenário de profundo distanciamento entre a política que desejamos e a existente nos faz refletir sobre os caminhos que devemos tomar. Diante dessa realidade e frente a tamanho desafio, cresce nossa responsabilidade. Cresce porque não temos o direito de nos negar à participação efetiva em relação aos assuntos que dizem respeito a nossa gente e a nossas vidas. Cresce porque não podemos nos conformar com o quadro de desigualdade e miséria, de injustiça e de corrupção que se abate sobre milhões de brasileiros e o país.
Porém, precisa-se dar um primeiro passo: cada jovem se convencer da necessidade de fazer política, arregaçar as mangas e se lançar na luta. Ao lado disso, que se desenvolvam esforços para devolver à política seu caráter ético e de serviço para o bem da sociedade. Querer fazer política é, antes de tudo, abdicar de projetos somente pessoais em prol de servir ao público. De desejar, a partir da nossa efetiva participação, influenciar na construção dos destinos de todos. Homens e mulheres de bem, que não se apequenam diante de suas responsabilidades, devem abraçar a política como um forte instrumento para a concretização das aspirações que não são apenas de uma pessoa ou de um grupo ou de um partido, mas de todos, na busca de construção de um país mais democrático, republicano e com oportunidades para todos.
Nada fazer não é uma opção. Sendo omisso ou alheio às questões políticas, o cidadão está também fazendo política, pois está permitindo que pessoas descomprometidas com a sociedade continuem usando a política em seu benefício, único e exclusivo, ou do seu grupo. A apatia e o desprezo com que muitos jovens encaram o funcionamento do nosso sistema político é o principal combustível que alimenta a corrupção, o desmando, o desrespeito às autoridades. Daí a importância e a necessidade de todos fazerem política. É como num jogo de futebol. Ficar na arquibancada – torcendo pelo seu time – ajuda, mas quem decide o resultado da partida é quem está no campo jogando. É também como num incêndio. Tem importância gritar e pedir socorro, mas para apagar as chamas precisa-se agir. Para resolver o jogo da vida e apagar o incêndio dos problemas é preciso agir. É preciso fazer política.