Uma pesquisa divulgada nas redes sociais nesta segunda-feira (8) reacendeu o debate sobre o processo de impeachment do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD). O levantamento afirma que 90,1% dos entrevistados seriam contrários à abertura do processo de cassação, mas a metodologia e a forma como os dados foram apresentados levantaram questionamentos entre especialistas e lideranças políticas.
Segundo a divulgação, 705 pessoas foram ouvidas no dia 6 de dezembro. O número, no entanto, representa menos de 1% da população da capital maranhense, que hoje ultrapassa 1.089.215 habitantes. A disparidade levou analistas a classificarem o resultado como “insuficiente para medir a opinião geral da cidade”, ainda que a pesquisa cite margem de erro de 3,7 pontos percentuais.

Outro ponto que chamou atenção foi a formulação da pergunta sobre o impeachment. A pesquisa teria utilizado como premissa a versão defendida pelo próprio prefeito, de que o processo na Câmara seria motivado pela recusa de um aumento salarial. Especialistas em opinião pública observam que perguntas com viés podem induzir respostas mais favoráveis ao gestor, distorcendo a percepção real do eleitorado.
O levantamento também aponta que 84,8% dos ludovicenses considerariam Braide o gestor que mais tem feito pela cidade, contra 7% atribuídos ao governador Carlos Brandão (PSB) e 2,6% à Câmara Municipal. O cenário, descrito como “perfeito demais”, contrasta com o momento político enfrentado pelo prefeito, alvo de um pedido formal de cassação.
O processo em andamento na Câmara de São Luís reúne acusações de descumprimento de leis municipais, cortes em vencimentos de servidores, aposentados e pensionistas e controvérsias envolvendo reajustes salariais. O caso segue em análise pelos vereadores.
Nos bastidores, dirigentes políticos e analistas afirmam que o surgimento repentino da pesquisa — sem identificação clara de instituto, histórico de levantamentos ou registro formal — acendeu o alerta sobre o uso de consultas não verificadas como instrumento de narrativa política. A popularização de gráficos e números produzidos sem rigor metodológico tem se intensificado nas redes e grupos de WhatsApp durante períodos de crise política.
Para especialistas, pesquisas sem transparência sobre responsáveis, amostragem e metodologia não contribuem para o debate público e podem ser utilizadas para pressionar instituições ou influenciar a opinião de setores da sociedade.
O desfecho do processo contra Braide, no entanto, dependerá exclusivamente do andamento na Câmara Municipal. Até lá, novas manifestações públicas e tentativas de influenciar o debate devem continuar ganhando força no ambiente digital.















