Paciente pode recuperar movimento depois de cirurgia que durou cinco horas
O Serviço de Traumatologia e Ortopedia do Hospital Universitário da UFMA realizou na manhã desta quarta-feira, 16, o primeiro transplante de enxerto ósseo de membro superior do Maranhão. O HU-UFMA, integrante da Rede Ebserh, é credenciado desde 2017 pelo Ministério da Saúde para realizar esse tipo de transplante, mas as oito cirurgias feitas anteriormente foram todas em membros inferiores.
A paciente do sexo feminino, 37, natural de Grajaú, foi submetida ao procedimento por sofrer com uma fratura diafisária de úmero direito. O úmero é um osso longo, localizado no braço e é o maior do membro superior. É dividido em três regiões: a epífase, região da articulação, a metáfase, parte próxima a essa articulação e a diáfase, o meio do osso. A fratura diafisária é nessa região intermediária do osso. A paciente teve esse diagnóstico após sofrer uma queda de moto em 2015.
De lá para cá, foi submetida a tratamento cirúrgico no interior do estado, por cinco vezes, sem sucesso. Já são quase quatro anos sem conseguir utilizar o membro superior, pois o osso estava solto e sentindo muita dor. Como consequência, apresenta quadro de fratura não consolidada com uma soltura da placa.
O ortopedista especialista em cirurgia de ombro e cotovelo do Serviço de Traumatologia e Ortopedia do HU-UFMA, Rodrigo Caetano, que acompanha o caso, explica a escolha pelo transplante nessa paciente. “O motivo pelo qual optamos pelo transplante foi devido à grande perda óssea, decorrente de várias cirurgias que ela já tinha se submetido. A cada cirurgia há a perda de fragmento ósseo, porque sempre que você vai operar, retira-se um pouco do osso que fica desvitalizado até chegar no osso vivo sangrante. Sendo assim, ela já tem uma perda óssea e uma quantidade muito grande de osso desvitalizado”.
Ele acrescenta ainda que, para fazer a cirurgia que durou cerca de cinco horas, tiraram todo o osso desvitalizado que precisou ser preenchido. Havia duas opções, utilizar o osso da própria paciente ou fazer o transplante ósseo. “Quando você utiliza o osso do paciente você tem a desvantagem da lesão na área doadora e também a quantidade de osso disponível, normalmente consegue-se tirar uma quantidade pequena desse enxerto, mas ela vai precisar de uma quantidade grande, então a indicação mais favorável é o transplante ósseo” afirma o ortopedista.
O enxerto de tecido ósseo foi enviado pelo Banco de Tecidos Músculoesqueléticos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro. O Banco é o responsável pela captação, processamento e distribuição de osso, tendões e meniscos (cartilagens em forma de C em ambos os lados da articulação do joelho), para a utilização em cirurgias de transplantes na área da ortopedia e odontologia.
A recuperação da paciente depende de vários fatores, como explica o ortopedista. “Ela tem uma lesão muito grave, com alto índice de complicação. A principal é a não consolidação, quando o enxerto não cola no osso, ou a absorção do enxerto, isto é, ele não é integrado e sim absorvido pelo organismo e desaparece ficando o buraco novamente. Esse é o nosso maior receio, mas a expectativa, como ela é jovem e saudável é que tenha consolidação e recupere o movimento do membro sem dor”.
O tempo de recuperação é de seis a doze meses, tomando os devidos cuidados, a exemplo da restrição de pegar peso e fazer força. A previsão é de alta hospitalar em dois dias, iniciando o acompanhando ambulatorial já na próxima semana.
Sobre a Ebserh
Desde janeiro de 2013, o HU-UFMA é filiado à Ebserh, estatal vinculada ao Ministério da Educação que administra atualmente 40 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.
O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações nas 50 unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.
Por Danielle Morais