A decisão do Partido dos Trabalhadores de incluir Felipe Camarão na lista de pré-candidaturas prioritárias para 2026 reorganizou o cenário eleitoral no Maranhão e expôs, mais uma vez, o desgaste interno enfrentado pelo grupo do governador Carlos Brandão. O movimento do PT, interpretado como um gesto direto do presidente Lula, reacendeu debates sobre a sucessão estadual e fragilizou o projeto político liderado pela família Brandão.
O episódio se soma à crise provocada meses atrás, quando o PSB – partido de Brandão – passou por uma reviravolta que deixou o governador isolado dentro da própria sigla, em pleno exercício do mandato. A derrota política foi silenciosa, mas profunda, e colocou em xeque a capacidade de articulação do grupo governista.
Analistas avaliam que a insistência do entorno do governador em sustentar um discurso de unidade e viabilidade eleitoral criou uma bolha em torno do Palácio dos Leões. Internamente, aliados mantiveram projeções consideradas irreais por parlamentares e lideranças regionais, alimentando expectativas que não encontraram respaldo na prática.
A estratégia buscava preservar o projeto familiar, que tem o secretário Orleans Brandão como potencial candidato ao governo. Porém, tanto as pesquisas quanto os alinhamentos nacionais passaram a apontar em direção contrária.
Nos últimos meses, Brandão intensificou conversas com atores políticos em Brasília. Procurou aproximação com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira e, em outra frente, buscou aval do ex-presidente José Sarney para influenciar Lula na escolha do nome apoiado pelo governo federal no Maranhão.
O governador também reforçou investimentos em comunicação, ampliou agendas públicas e promoveu o sobrinho Orleans em eventos institucionais. Apesar do esforço, nenhuma das iniciativas teve o efeito esperado: o nome de Orleans não ganhou tração e o PT consolidou Felipe Camarão como o representante da esquerda em 2026.
Com a oficialização da prioridade do PT, Brandão entra na etapa final de sua gestão com pouco espaço para manobra. Resta-lhe quatro meses ou, no máximo, um ano de governo, dependendo de suas escolhas para a disputa eleitoral.
Se permanecer no cargo, terá de enfrentar um ambiente político desconfiado, dividido e marcado por três candidaturas competitivas: Eduardo Braide, Lahesio Bonfim e agora Felipe Camarão, fortalecido pelo apoio do presidente Lula.
No centro das discussões está a pré-candidatura de Orleans Brandão, que deve contar com o apoio de parte do centrão e de grupos tradicionais da política maranhense. No entanto, a estratégia traz consigo o peso das críticas ao que especialistas chamam de “familismo político”, envolvendo nomes como Pedro Lucas Fernandes, Maura Jorge e lideranças regionais que mantêm estruturas herdadas de seus pais ou padrinhos políticos.
Esse cenário reforça o desafio do grupo Brandão: sustentar um projeto que enfrenta resistência dentro e fora da base e que, até agora, não conseguiu demonstrar força suficiente para reagir às mudanças de rota impostas pelo campo progressista nacional.















