O médico cardiologista Bene Camacho, suplente da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), está no centro de uma nova polêmica envolvendo o uso de verba pública. Durante o período em que ocupou a vaga de Eliziane no Senado Federal, de agosto a outubro deste ano, Camacho utilizou R$ 45 mil de recursos do Senado para alugar um veículo Toyota Hilux, ano 2019/2020, da empresa WN Santana Construtora, de propriedade de Waldirene Nascimento Santana, sua assessora parlamentar.
A revelação levanta questões éticas e de transparência, uma vez que Waldirene não apenas era funcionária do gabinete de Camacho, recebendo um salário de R$ 2.815,44, como também é a única sócia-administradora da empresa locadora. Contratada em agosto, ela permaneceu no cargo até o retorno de Eliziane ao Senado, nesta segunda-feira, dia 4 de novembro.
A WN Santana Construtora, registrada em Imperatriz (MA), cidade natal de Bene Camacho, tem como atividade principal a construção de edifícios. Recentemente, porém, a empresa adicionou serviços de locação de automóveis ao seu portfólio. De acordo com a Junta Comercial do Maranhão, a WN Santana é controlada exclusivamente por Waldirene, casada há 32 anos com Adelson Rodrigues Santana, conhecido como “Nego Adelson”, candidato a vereador nas últimas eleições municipais de Imperatriz, sem sucesso.
Adelson, ao ser procurado, confirmou a transação e afirmou que todo o valor foi repassado para a empresa. Ele negou irregularidades, declarando que Camacho “talvez pensasse que a empresa estivesse em seu nome”. Segundo ele, o procedimento teria ocorrido “sem má-fé”.
Até o momento, Bene Camacho não se manifestou sobre a situação, mas a assessoria de Eliziane Gama comunicou que a exoneração de Waldirene foi solicitada em 31 de outubro e publicada oficialmente no dia 4 de novembro, logo após o retorno da senadora ao Senado. “A referida assessora de Bene Camacho havia sido contratada para trabalhar no mandato do senador”, informou a nota.
A revelação sobre o uso de verba pública para uma possível prática de conflito de interesse reacende o debate sobre a fiscalização do uso de recursos no Senado. Especialistas em ética pública destacam que o caso exemplifica a necessidade de maior transparência e controle sobre a contratação de serviços e funcionários pelos parlamentares.
A situação segue sem esclarecimentos adicionais de Bene Camacho, enquanto o Senado e as autoridades pertinentes estudam possíveis medidas para investigar o caso e esclarecer os desdobramentos jurídicos e éticos que envolvem o uso de verba pública na contratação de serviços diretamente relacionados a familiares ou associados dos próprios assessores dos parlamentares.