Nesta segunda-feira (28), o Maranhão celebra um marco histórico que vai além da data festiva: o 28 de Julho de 1823, dia da adesão oficial da província à Independência do Brasil. A ocasião, reconhecida como a Data Magna do estado, é símbolo de resistência, estratégia e participação ativa do povo maranhense no processo de construção da nação brasileira.
O historiador Euges Lima destaca que, ao contrário da narrativa nacional tradicional, que muitas vezes retrata a independência como um movimento pacífico centrado no Sudeste, o caminho da liberdade no Maranhão foi repleto de conflitos, negociações e alianças. “A independência no Norte e Nordeste teve suas próprias batalhas. No Maranhão, ela envolveu resistência de tropas realistas, apoio de províncias vizinhas e até o uso de táticas de guerra e diplomacia por parte dos independentistas”, explica.
Um dos episódios mais emblemáticos foi a atuação do escocês Lord Thomas Cochrane, veterano das Guerras Napoleônicas, contratado por Dom Pedro I. Com ousadia, Cochrane cercou São Luís e empregou estratégias de blefe e pressão, que culminaram na rendição pacífica das forças portuguesas. Ao mesmo tempo, tropas vindas do interior do Maranhão e dos estados vizinhos marchavam rumo à capital para reforçar a causa independentista.
Apesar de a independência política não ter modificado imediatamente estruturas sociais como a escravidão, a adesão do Maranhão representou um passo decisivo para a unificação nacional e para o fortalecimento de uma identidade brasileira. “Foi uma ruptura com o domínio colonial que abriu caminho para a autonomia política e cultural. Celebrar o 28 de Julho é reconhecer esse processo como fruto de um esforço coletivo e plural”, destaca Lima.
A importância do 28 de Julho também reside no protagonismo popular. Pessoas livres, escravizadas, indígenas, mestiços e colonos tiveram papel direto na resistência e nos desdobramentos da independência na região. Essa participação diversa ajuda a compreender o Maranhão como berço de uma sociedade rica em contrastes, que desde suas origens contribui para a diversidade do Brasil.
Desde o século XIX, o dia 28 de julho é feriado estadual, marcado por eventos cívicos e culturais que relembram a luta por liberdade e os valores da emancipação. “É um momento de memória e reflexão sobre quem somos, de onde viemos e que Brasil queremos construir”, reforça o historiador.
Em tempos de desafios sociais e democráticos, a celebração da Data Magna ganha novos significados. Mais do que relembrar o passado, ela serve de inspiração para a continuidade da luta por um país mais justo, plural e soberano.















