Um importante movimento interno no Partido dos Trabalhadores (PT) no Maranhão ganhou corpo no último fim de semana: 199 dos 204 presidentes municipais da sigla no estado assinaram uma carta que apoia a pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão ao governo estadual em 2026.
A adesão da quase totalidade da base municipal maranhense — cerca de 98% — é interpretada nos bastidores como um “recado claro” ao governador Carlos Brandão e à articulação de sucessão que estaria em andamento, envolvendo até mesmo seu sobrinho.
Segundo a carta, o PT estadual reafirma a intenção de lançar candidatura própria, distanciando-se da linha que vinha sustentando uma possível aliança ou apoio ao governo Brandão.
Além do movimento interno no PT, a articulação ganhou reforço de fora do estado: o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) declarou publicamente que o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) dará apoio à candidatura de Felipe Camarão. “Ele é a melhor expressão do governo Flávio Dino e de seu legado”, afirmou.
A declaração reforça a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) como estratégia nacional, mas marca uma dissidência no âmbito local — com o PT maranhense se posicionando autonomamente em relação ao governo Brandão.
Para o governo do estado, a movimentação representa mais do que um choque interno na esquerda: significa que Brandão, ainda sem partido definido, perde parte de sua base tradicionalmente de esquerda no Maranhão.
O afastamento passa a indicar uma guinada que pode aproximar o Palácio dos Leões de uma composição mais alinhada à centro-direita estadual.
Com a carta de adesão dos presidentes municipais do PT e o apoio do PCdoB anunciado, recai sobre Felipe Camarão a tarefa de consolidar esse movimento em candidatura competitiva. O cenário eleitoral de 2026 no Maranhão ainda será moldado por alianças, negociações partidárias e o desempenho dos personagens envolvidos.
Por sua vez, o PT estadual precisará administrar as tensões internas — entre os que defendem protagonismo próprio e os que se vinculam ao governo vigente — e definir uma estratégia clara de campanha. Já o governador Brandão enfrenta o desafio de recompor sua base de apoio e redesenhar seu projeto político para o próximo mandato.















