Após quatro anos de gestão e cinco greves no transporte público, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), anunciou uma nova licitação para o sistema. A decisão, embora necessária, levanta questionamentos sobre a efetividade do processo, uma vez que medidas de fiscalização e transparência apontadas como essenciais por órgãos de controle seguem negligenciadas.
A crise do transporte público da capital não é novidade. Em 2022, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) realizada pela Câmara Municipal apontou que a licitação anterior, de 2016, falhou em resolver os problemas estruturais do sistema. O relatório final da CPI destacou a ausência de fiscalização por parte da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), a falta de aplicação correta dos reajustes tarifários e a não renovação da frota conforme estipulado nos contratos.
No mesmo ano, o Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA) realizou uma auditoria que constatou diversas irregularidades no transporte público de São Luís e recomendou a revisão imediata dos contratos e uma nova licitação. Entre os principais problemas apontados estavam a precarização dos terminais de integração, o descumprimento de obrigações pelas concessionárias e a falta de transparência na bilhetagem eletrônica. Apesar dessas constatações, a Prefeitura não tomou providências imediatas.
Além disso, a instabilidade na gestão da SMTT é um fator que contribui para a crise no setor. Durante a administração de Braide, a pasta teve quatro comandantes diferentes, evidenciando uma falta de continuidade nas políticas de fiscalização. A troca constante de secretários dificultou a implementação de medidas eficazes para garantir a qualidade do serviço prestado à população.
Diante desse histórico de omissões e falhas na gestão do transporte público, a grande questão que se impõe é: a nova licitação realmente trará melhorias ou será apenas mais um processo burocrático sem efeitos concretos? Especialistas alertam que, sem um mecanismo eficiente de fiscalização e um compromisso real da Prefeitura com o cumprimento dos contratos, o sistema pode continuar em colapso, prejudicando milhares de usuários que dependem do transporte coletivo diariamente.
A população de São Luís aguarda, mais uma vez, por respostas concretas e ações eficazes. Caso contrário, a nova licitação pode acabar sendo apenas uma repetição dos erros do passado.