O governador Flávio Dino (PCdoB) tem até o dia 6 de maio para tentar explicar ao Ministério Público Eleitoral (MPE) os critérios utilizados pela sua gestão para a nomeação de 36 capelães na Polícia Militar, Polícia Civil e no Corpo de Bombeiros do Maranhão. A informação é da TV Mirante.
O caso, intitulado “farra de capelães”, foi denunciado pelo PRP no dia 16 de março (reveja).
“No ano eleitoral, sentindo-se intocável, decidiu incluir na sua campanha eleitoral, que já dura quase 04 anos, o que tem se chamado de abuso do poder religioso, com a captura de diversos líderes religiosos (evangélicos e católicos) para participar da empreitada político-religiosa-eleitoral. Para tanto, o Governador decidiu “aperfeiçoar” o abuso do poder religioso transmudando-o num estratagema herético-apóstata-eleitoral-estatal com a criação de uma verdadeira seita política-administrativa-religiosa-eleitoral, haja vista que com o escandaloso requinte de que a nova seita está sendo agraciada com patentes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros e financiada, custeada mesmo, com recursos do erário do Estado do Maranhão, tudo com o propósito devasso e ilícito de corromper os fieis que são arrebanhados pelos novos sacerdotes da nova seita”, destaca a representação.
Segundo o partido, Flávio Dino tem ocupado cargos que deveriam ser preenchidos por concurso com objetivos eleitorais.
“O ápice da inconstitucionalidade e ilegalidade é que os cargos públicos que somente podem ser preenchidos por concurso público (Coronel, tenente etc.) estão sendo escolhidos ao talante do Governador do Estado, ou seja, ele nomeia quem, quando, para qualquer cargo e com remuneração, tudo ao bel prazer dos interesses eleitorais escusos”, destaca a ação entregue à PRE-MA por Sales.
A ação, que pede apuração urgente do Ministério Público Eleitoral (MPE), destaca, ainda, a força do segmento evangélico nos debates político-eleitorais e o desequilíbrio que o abuso de quase 100 cargos de capelães pode provocar no pleito (reveja).
E traz um dado, no mínimo, curioso: segundo o partido, vários desses líderes religiosos têm ligação não apenas com as igrejas que representam, mas também com partidos políticos da base aliada ao comunista.
Na ação são citados os pastores Pedro de Lima Vilela, que é do PDT, e desempenham o cargo de tenente da PM; o coronel Misael Mendes, que também é do PDT e foi o primeiro capelão a ser tornar coronel de polícia, algo destacado pelo próprio Dino.
“QUERO SAUDAR NA PESSOA DO CORONEL MISAEL, QUE VEM A SER O PRIMEIRO CORONEL CAPELÃO DA HISTÓRIA DA POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO; E SÓ HÁ UM, E EU ESCOLHI QUE FOSSE O DA ASSEMBLEIA DE DEUS, QUE É O CORONEL MISAEL”, destacou o governador, em discurso na cidade de Chapadinha, em dezembro do ano passado.
Do PP foi nomeado o major capelão Raimundo Lopes e do PPS, Francisco Fábio Silva Leite. Do DEM foi agraciado com o cargo de capelão o pastor Jessé Lemos Coutinho; do PSC ganhou o cargo o pastor Paulo Guilherme Fernandes.
A denúncia do PRP cita ainda, o caso do pastor Caetano Jorge Sares, de Caxias. “Hoje nomeado capelão pelo Governador Flávio Dino, deve-se evidenciar que, na campanha de 2014 ao Governo do Estado, o Governador Flávio Dino recebeu apoio político do Major, tal qual noticiou o Portal Vermelho”, diz o partido, apresentando um link para a notícia que confirma a revelação.
Três patentes
Consta da representação, ainda, a promoção de um pastor que passou de tenente para coronel em um só dia.
Raimundo Gomes Meireles era 1º tenente da Polícia Militar quando foi exonerado em 19 de janeiro por Flávio Dino. No mesmo dia, ele aparece no Diário Oficial do Estado no posto de coronel, não mais da PM, e sim do Corpo de Bombeiros Militar.
Raimundo Gomes é o segundo coronel a ser nomeado por Flávio Dino. Nas gestões anteriores, os capelães eram nomeados somente até major da Polícia Militar.
A relação agora denunciada pelo PRP já havia sido tema de denúncias do deputado Wellington do Curso (PP) na Assembleia Legislativa.
Do blog do Gilberto Léda