O Instituto Butantan começou a fazer os testes do coronavírus nesta sexta-feira (3). O Instituto aguardava há uma semana a certificação para iniciar os diagnósticos. O laboratório foi homologado pelo Instituto Adolfo Lutz, que é vinculado à Secretaria Estadual da Saúde.
Nesta quinta-feira (2), o diretor do Butantan, Dimas Tadeu Covas, assumiu o comando da plataforma de laboratórios de diagnóstico de coronavírus, criada pelo governo do estado para dar agilidade aos trabalhos e ampliar a rede de laboratórios credenciada.
Para conseguir zerar a fila de exames que aguaram análise e liberar os resultados em até 48 horas, o coordenador disse que irá aumentar o número de funcionários no Adolfo Lutz, que passará a funcionar 24 horas por dia.
“Eu considero que a questão dos exames é um não problema. Nós temos que fazer o sistema funcionar, automatizar, por isso que estão sendo comprados equipamentos e reagentes. O prazo máximo que se espera para esses exames é de 24 a 48 horas, no máximo. Não podemos ter exames represados porque eles refletem em tempo real a evolução da epidemia. Essa é a meta. É automatização com saída direta dos resultados para o sistema. Não temos motivo para ficar atrasando uma parte importantíssima do combate à epidemia.”
Apenas pacientes com sintomas graves do novo coronavírus são notificados pelo estado de São Paulo desde o dia 23. A nova orientação da secretaria estadual é para que as unidades de saúde da rede pública registrem no sistema apenas pacientes internados com sintomas graves da doença.
Pessoas com sintomas leves, especialmente aquelas que não sentem falta de ar, não são registradas como casos suspeitos ou confirmados de coronavírus no sistema oficial, tampouco são submetidas ao teste laboratorial. Especialistas afirmam que a nova metodologia de registro pode levar a sub-notificação.
Rede de diagnósticos
De acordo com o coordenador, o estado tem, hoje, dez instituições públicas participando ativamente das análises dos exames. Ele destacou ainda que mais dez laboratórios privados foram credenciados para realizar os testes e aguardam liberação.
Tadeu Covas detalhou de que forma o trabalho da plataforma de testes, comandada pelo Instituto Butantan, será organizada.
Ele ainda afirmou que o estado não irá enfrentar falta de testes para população. “Não vai faltar teste para ninguém para o monitoramento desta epidemia”.
A atuação será por meio dos seguintes eixos:
Mutirão para diagnosticar as amostras: “Amostras serão rapidamente analisadas e os casos lançados no sistema. Fluxo que inclua participação dos municípios, através das regionais e dos HCs do interior”;
· Zerar a fila de testes “o mais rápido possível” – sem prazo específico;
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Definir a estratégia de aquisição: segundo o coordenador, existe uma falta de reagentes no mercado internacional. As secretarias de saúde têm compras em andamento, mas as companhias não conseguem entregar;
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Adquirir 1,3 milhão de testes da Coreia que chegarão no final da primeira quinzena de abril;
· Avaliar a qualidade dos testes rápidos: muitos não têm sensibilidade suficiente para ajudar;
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Organizar as pesquisas em relação ao vírus: “Existem muitas iniciativas descoordenadas, precisamos reunir isso em uma única base de dados e usar o recurso para isso”;
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Credenciamento dos laboratórios: “Existe uma certa demora e vamos resolver isso”;
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Definir em termos de prioridades de análises: segundo o coordenador, pacientes graves, internados, e profissionais de saúde para abreviar tempo de afastamento, são testes prioritários
Instituto Butantan está autorizado a fazer testes de coronavírus
Segundo publicado no Diário Oficial nesta quinta-feira (2), Tadeu Covas passa a ser responsável pela Plataforma de Laboratórios de diagnóstico de coronavírus.
Pelo texto, caberá à plataforma, além de realizar os testes, proceder avaliações técnicas para aquisição de insumos e definir protocolos de trabalhos. Com a medida, o Instituto Adolfo Lutz fica subordinado a Dimas Covas.
Em entrevista à GloboNews na manhã desta quinta, o diretor disse que a mudança serve para dar agilidade aos trabalhos.
“Eu tenho uma boa notícia em relação aos testes. Ontem, o secretário da Saúde baixou uma resolução que foi publicada hoje de manhã e colocou o Instituto Butantan como sendo o coordenador da Rede Estadual de Laboratórios e diagnósticos para o Covid-19”, disse.
“Isso significa que nós vamos mudar muitos esses procedimentos, vamos agilizar todos eles e vamos dar uma dinâmica diferente à questão dos testes laboratoriais. Agora, como coordenador eu vou, imediatamente, fazer as versões para que todos os laboratórios que tenham pedidos de habilitação sejam habilitados”, explicou.
Nesta quarta-feira (1), o Lutz autorizou mais três laboratórios do interior paulista a fazer testes: um na Unicamp, um na Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto e outro no Hospital das Clínicas na mesma cidade.
As instalações de um novo laboratório no Instituto Butantan começaram no dia 25 de março. O espaço recebeu uma pipetadora e equipamentos de extração do RNA do vírus e de RT-PCR automatizados. A expectativa do coordenador é que os testes comecem a ser feitos a partir desta sexta-feira (3).
O Butantan também já adquiriu os primeiros lotes de reagentes necessários para a realização dos exames e está implementando um software de rastreabilidade de amostras.
Laboratórios e turnos
Dimas Tadeu Covas afirmou que à frente da coordenação dos testes, irá ativar a rede da USP, que tem capacidade para realizar 45 mil exames por mês, e ampliar as jornadas de trabalhos.
“Vamos ativar os Lutz [laboratórios] regionais, que devem passar a fazer exames amanhã, no máximo até segunda-feira, e vamos também tentar implementar um segundo turno de atividades. Com isso podemos ter aí rapidamente as 12 mil amostras”.
De acordo com Covas Tadeu, o governo paulista negocia a importação de mais de 1 milhão de testes para ampliar a capacidade de diagnóstico.
“O estado de São Paulo vai importar um 1,3 milhão de testes. Neste momento nós estamos em negociação direta com o governo da Coreia. Esperamos que estes testes cheguem aqui ainda na primeira quinzena de abril”, afirmou.
Com informações G1