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O secretário substituto de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Eduardo Macário, disse nessa terça-feira (26) que a estratégia de imunidade de rebanho, “não é a melhor estratégia” contra a pandemia de Covid-19.
“Questões que têm sido colocadas, por exemplo, de que é importante que o Brasil adquira uma imunidade de rebanho de 70% de pessoas infectadas para que a gente tenha uma diminuição no número de casos, efetiva. Eu considero que essa não é a melhor estratégia se você não tem uma vacina”, disse Macário.
A projeção de que 70% dos brasileiros certamente pegarão a Covid-19 vem sendo repetida pelo presidente Jair Bolsonaro.
Atualmente, com estimativa de que 1,4% da população brasileira esteja contaminada, o Ministério da Saúde aponta 24,5 mil mortes. Uma projeção de cientistas aponta que, caso o Brasil tenha 70% da população infectada, pode registrar 1,8 milhão de mortes em um cenário no qual o colapso do sistema de saúde afetaria também o atendimento de pacientes de outras doenças.
Expectativa por vacina
O secretário explicou que estudos e iniciativas internacionais mostram que a produção de uma vacina contra a Covid-19 pode não ser rápida, mas que ele acredita na sua disponibilização “num futuro próximo, a médio prazo”.
“Para que aí sim a gente possa estabelecer uma estratégia nacional adequada de imunização e proteção como tem sido feito ano após ano, tanto para a vacina da Influenza, sarampo, febre amarela, BCG, pentavalente e o SUS está preparado para dar essa resposta em termos de imunização”, disse.
Antes de falar sobre imunidade de rebanho, o secretário ressaltou a sazonalidade dos vírus respiratórios, que têm maior circulação no inverno. Por isso, ele alertou para a importância de reforço na proteção com “medidas de higiene” e “etiqueta respiratória” que devem ser enfatizadas sobretudo para os residentes da região Sul.
Anticorpos em 1,4% da população
A primeira etapa nacional de uma pesquisa coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), divulgada na segunda-feira (25) apontou que apenas 1,4% da população tem anticorpos para a Covid-19.
O levantamento foi realizado durante uma semana, entre 14 e 21 de maio, para testar a presença da doença na população. Pesquisadores do Ibope, participantes do projeto, com equipamentos de proteção individual, foram a campo e fizeram 25.025 entrevistas.
Aplicaram também testes rápidos para o coronavírus em 133 municípios de todos os estados do país, incluindo o Distrito Federal. Em 90 cidades, conseguiram testar pelo menos 200 pessoas. Essa amostragem representa pouco mais de um quarto da população brasileira, com 54 milhões de habitantes.
A partir dos resultados dos testes, os pesquisadores calculam que um total de 760 mil brasileiros nestas áreas foram infectados. Na véspera da pesquisa, os números oficiais apontavam, nestas 90 cidades, 104.792 casos confirmados do coronavírus, e 7,6 mil mortes.
Com informações G1