Através da última década, redes sociais como Facebook e Twitter se tornaram uma parte central do cotidiano. Apesar de sua grande popularidade, há controvérsias sobre o seu impacto na saúde mental e bem estar. Um novo estudo realizado pela Universidade de Amsterdam(UvA) encontrou uma correlação entre o uso passivo de redes sociais e sintomas de depressão como solidão e fadiga. Os achados foram publicados no Journal of Experimental Psychology: General.
Para muitos de nós é um hábito diário. Sempre que temos um momento vago, buscamos nosso smartphone e rolamos pelo feed de notícias de nossas redes sociais buscando por novidades ou vendo imagens. Esse comportamento, chamado uso passivo de redes sociais(sigla em inglês PSMU), costuma ser usado como forma de aliviar o tédio e pode tomar grandes períodos de tempo. Enquanto parece inocente, não faltam controvérsias — há estudos que mostram que pode diminuir o bem estar afetivo, senso de pertencimento e satisfação com a vida.
Registrando o bem estar com um aplicativo
Para investigar a ligação entre o uso de redes sociais e sintomas de depressão, um grupo internacional de pesquisa liderado pela UvA recrutou 125 estudantes e mensuraram seu bem estar e PSMU ao longo de 14 dias. Um aplicativo especial em seus celulares notificava os participantes em intervalos fixos de tempo para completar um questionário de 12 itens sobre depressão. As respostas foram analisadas com uma nova técnica estatística, que foi desenvolvida e implementada por pesquisadores afiliados ao núcleo de Psicossistemas da UvA, Dra. Laura Bringmann e Dr. S Sacha Epskamp. A análise focou em três espaços de tempo — curto-prazo(ao longo de duas horas), médio-prazo(predição de um período ao outro) e longo-prazo(ao longo dos 14 dias).
Sentimentos negativos e redes sociais
Embora os resultados mostraram que PSMU não previa sintomas de depressão, eles mostraram uma relação notável entre bem estar negativo e uso aumentado de redes sociais. “Sentimentos de fadiga e solidão dentro de um período prediziam PSMU no período seguinte, indicando que certos sintomas da depressão podem levar os usuários a rolar pelos feeds de redes sociais”, diz George Aalbers, um mestrando de Psicologia da UvA e autor principal do estudo. “Nós também encontramos que o uso passivo de redes sociais em um determinado período ocorreu em conjunto com perda de interesse, problemas de concentração, fadiga e solidão. Entretanto, não sabemos se PSMU causa os sintomas ou vice-versa. Este é um tópico para pesquisas futuras.”
O mais importante, diz Aalbers, é que o estudo mostra que a relação entre redes sociais e bem estar psicológico é mais complexo que “redes sociais deixam as pessoas depressivas”. “Ao invés disso, comportamentos específicos nas redes sociais parecem estar associados com sintomas específicos da depressão, e mais pesquisas são necessárias para descobrir como se dá a relação entre uso de redes sociais e saúde mental”.
Os pesquisadores acreditam que o próximo passo importante é replicar os achados num contexto clínico. “Nosso estudo usou uma amostra de estudantes, sobre os quais os níveis médios de sintomas de depressão, solidão e estresse eram razoavelmente baixos. Como pesquisas prévias sugerem que os efeitos adversos das redes sociais podem ser mais fortes em pessoas depressivas do que nas não depressivas, uma amostra clínica pode mostrar uma ligação mais pronunciada entre PSMU e sintomas de depressão”.