Com a eleição para a Prefeitura de São Luís se aproximando, uma movimentação inesperada tem chamado atenção: o abandono da capital por parte das principais lideranças políticas do grupo governista. Carlos Brandão, atual governador do Maranhão, e Felipe Camarão, vice-governador, optaram por concentrar seus esforços no interior do estado, numa clara tentativa de ampliação de suas bases eleitorais com vistas às eleições de 2026. Esse movimento estratégico, porém, reflete uma aparente confiança de que o pleito na capital estaria decidido, o que pode revelar um perigoso equívoco de cálculo político.
Ambos os líderes, herdeiros do legado do ex-governador Flávio Dino, parecem ter subestimado a importância das eleições municipais em São Luís, uma cidade conhecida por sua história de resistência política, muitas vezes chamada de “ilha rebelde”. Enquanto Brandão e Camarão se distanciam da disputa municipal, Eduardo Braide (PSD), atual prefeito e candidato à reeleição, demonstra maior envolvimento e, nas últimas semanas, aceitou participar de debates e passou a atacar seu principal adversário, Duarte Júnior (PSB), utilizando áudios de campanhas anteriores em uma tentativa de desestabilizar o oponente.
Essa postura de Braide, que inicialmente parecia confortável na liderança das pesquisas, pode ser um indicativo de que a vitória no primeiro turno, até então vista como provável, está longe de ser garantida. Com uma diferença de apenas 5% nas intenções de voto, segundo as últimas sondagens, a disputa ainda pode ser decidida no segundo turno, surpreendendo aqueles que já haviam dado o resultado como certo.
Brandão e Camarão, ao concentrarem suas agendas no interior para fortalecer o capital político visando o mapa eleitoral de 2026, podem ter subestimado o impacto que uma derrota em São Luís pode ter em suas pretensões futuras. Além disso, o histórico de São Luís como uma “ilha rebelde” – que já desafiou poderosos grupos políticos no passado – reforça a imprevisibilidade do cenário.
Caso Braide não consiga liquidar a eleição no primeiro turno, o cenário muda drasticamente. A mobilização de eleitores em um possível segundo turno pode mudar completamente o rumo da disputa, especialmente com as recentes movimentações de Braide e a hesitação do grupo governista em se engajar de maneira mais ativa.
A eleição para a Prefeitura de São Luís, que parecia definida, pode se tornar um grande teste para Brandão e Camarão, que, ao priorizarem seus interesses no interior, podem ter deixado um flanco aberto na capital. Resta saber se a diferença nas pesquisas será suficiente para uma vitória em um só turno ou se, como há 19 anos, o segundo turno trará reviravoltas inesperadas.